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A Fazenda Bela Vista, ao longo de 90 anos de existência, traz viva o propósito daquele que a fundou: produzir café. No alicerce dessa história está a determinação e a coragem que caracterizaram as gerações que se sucederam. Os propósitos foram diferentes, de acordo com cada época, mas com um único objetivo: entregar ao consumidor um produto de alto nível.
A tecnologia, que era escassa no passado, hoje comanda a história. Os cafés plantados em montanhas, em terrenos íngremes e os grãos apanhados com a mão do homem, cederam espaços para as terras altas e planas, onde a máquina faz o seu papel principal.
Tudo teve início no início do século XX quando o Aristides Reis colocou, naquelas terras uma bandeira: o marco da ousadia, da coragem, da determinação, da vontade de crescer e de vencer. E com essa bandeira, as terras foram desbravadas, as primeiras lavouras formadas e as primeiras colheitas produzidas. Aquele lugar, antes inabitado, cedeu espaço a uma colônia cada dia mais numerosa. O patrão era o amigo, o médico e o conselheiro, e a fazenda crescia e prosperava.
Em 1923 a sede foi fundada e a colônia ampliada. Na época da colheita de café era comum o cantar do comboio dos carros de boi carregado de café em em direção à Varginha, onde os grãos eram armazenados e comercializados. Com a crise econômica mundial de 1929, muitos obstáculos tiveram que ser vencidos.
Em 1955, a Bela Vista, ainda nas mãos de seu fundador, teve uma grande colheita para a época, mas as lavouras exauridas, de tanto produzir, entraram em declínio e a produção se esgotou. A propriedade, então, foi dividida entre os filhos.
As terras denominadas Bela Vista, onde se localiza a sede, passaram para o filho Antônio Lima Reis, mais conhecido como Toninho Reis. Com as terras, ele herdou também a luta do pai e sua bandeira foi novamente hasteada. A história se repete com o anseio de fazer a Bela Vista produzir novamente como fizera no passado.
Corria o ano de 1960. As leis trabalhistas começaram a ser implantadas e amedrontavam os proprietários de terra. Enquanto o governo incentivava a erradicação dos pés de café em troca de dinheiro, Toninho Reis dá início ao plantio de suas lavouras com tecnologia importada da Escola de Agricultura de Lavras e com a orientação do competente agrônomo e professor Paulo de Souza.
Casando-se em 1964 com Gloria Luiza Vilela Lima, o casal fez da antiga sede, então reformada, o seu lar. Ali passaram a viver e a criar os filhos, Toni e Isabela, e aprenderam a amar e respeitar a terra, já que dela tiravam o seu sustento.
Baseado nesse contesto, eles entenderam que preservar as matas as nascentes d’águas, as árvores, aves e frutas nativas enriqueceria a propriedade. Por isso é comum, hoje, ao caminhar pelas pastagens da propriedade, se deparar com moitas de gabirobas e araçás, pés de marolo e araticuns do campo, se surpreender com bandos de pássaros e animais silvestres e revoadas de canarinho cabeça de fogo. É a nova consciência ecológica que mantém vivo o ecossistema.
Em 1968, as novas lavouras, já começando a produzir, obtiveram uma colheita de 70 sacas por hectare. Tornou-se referência e causou grande repercussão.
Como a lei trabalhista já imperava, todos ali tinham a sua carteira assinada e o proprietário fez questão de contar o tempo de serviço na fazenda mesmo antes da lei entrar em vigor. Essa ação trouxe muitos benefícios para vários trabalhadores no momento de aposentar.
Na época, ser grande proprietário de terras dificultava o crédito no Banco do Brasil, por isso, Toninho Reis foi em busca de novas alternativas para sustentar suas lavouras. Com o advento do café do cerrado as perspectivas melhoraram e, pouco a pouco, a terra nua foi sendo coberta por extensas lavouras. Na década de 80, o espírito jovem, audacioso e progressista do filho do casal, Toni Reis, se juntou à experiência do pai e uma nova era de inovação surgiu. Em seguida, Isabela Lima Reis, formada em Administração de Empresas, assumiu a parte financeira da Fazenda Bela Vista e implantou um modelo mais profissional de gestão.
A fazenda entrou em um período de progresso acelerado. As mudanças foram muitas: mais secadores, melhorias nos terreiros de café, lavadores especializados, maior número de moegas para descanso dos grãos, máquinas mais modernas para o beneficiamento dos mesmos e um melhor sistema para produzir cafés especiais. Controle dos herbicidas e dos fungicidas garantiram a produção de um produto saudável e agrônomos competentes foram os pilares para o êxito dos objetivos, com os colaboradores vestindo a camisa. Uma nova realidade.
Em 1998 a sede foi restaurada e, junto com ela, as casas dos funcionários também passaram por melhorias. No decorrer do tempo, várias glebas foram anexadas à fazenda e a produção redobrou.
A Bela Vista, no entanto, quer alçar voos mais altos: procurar novos parceiros, abrir-se para o mercado externo, implementar metas de melhoria para quem ali trabalha, mais tecnologia, inovação, determinação e fé constante.